Interfaces e algoritmos: as forças invisíveis da comunicação

Tópicos deste artigo: 

  • Resistência de assessores de imprensa e jornalistas à adoção de SEO e IA.
  • Mercado de comunicação invadido por produtores de conteúdos das mais diversas áreas.
  • Influência das interfaces e dos algoritmos no processo de produção e distribuição de conteúdo.
  • Diferença entre motores de busca (Google) e IA na entrega de respostas.
  • A necessidade de formação contínua.

Resumo deste artigo:

Este artigo de Flávia Crizanto discute a resistência de jornalistas e assessores de imprensa em adotar técnicas de SEO e Inteligência Artificial (IA), argumentando que essas ferramentas precisam ser entendidas e incorporadas para que seja possível continuar na profissão, diante da crescente presença dessas tecnologias. A autora destaca a importância de compreender como as interfaces e algoritmos influenciam a produção e distribuição de conteúdo, explicando como as interfaces moldam a experiência do usuário e os algoritmos determinam a visibilidade do conteúdo, afetando sua relevância.O artigo também faz uma distinção entre os resultados entregues pelos motores de busca, que retornam links com base em fatores de ranqueamento, e a IA generativa, que cria conteúdo novo a partir de padrões aprendidos. A conclusão enfatiza a necessidade de formação contínua para que os profissionais da comunicação possam se adaptar às novas tecnologias e permanecer relevantes em um cenário digital em constante transformação. Confira!

Enquanto alguns jornalistas e assessores de imprensa seguem resistentes a entender e aplicarem técnicas de SEO (Search Engine Optimization), já estamos em tempos de inteligência artificial. Por isso, eu te pergunto: cara colega, caro colega. Você vai resistir mais uma vez? Vai esperar uma nova onda engolir o nosso fazer cotidiano? Ou vamos fazer dela uma oportunidade de continuar exercendo as nossas profissões, de forma que ela seja valorizada e necessária para toda sociedade?

No livro A saga dos cães perdidos, publicado em 2002, o pesquisador e professor Ciro Marcondes Filho ao citar um outro autor – Ramonet – que alertava para o fato de que alguns jornalistas continuavam a acreditar que sua profissão era a única a produzir informações, enquanto todas as instituições e organizações da sociedade se colocavam freneticamente a fazer a mesma coisa.

Não demorou muito e vimos todo mercado ser invadido por produtores de conteúdo, influenciadores e outras profissões que ocuparam um espaço significativo no que entendíamos ser um território exclusivo dos profissionais da Comunicação Social. E como isso aconteceu? Vamos destacar aqui dois pontos que merecem ser pensados: as interfaces e os algoritmos. 

SEO como ferramenta de adaptação

Gisele Beiguelman, também professora e pesquisadora da USP, em O livro depois do livro (2003), destaca como a interface é responsável por guiar a maneira como os usuários usam os recursos tecnológicos, como celulares e computadores, e também determina e influencia o pensamento midiático. Ela ainda complementa: “o conteúdo não é só mediado pela interface, mas manipulado por ela”.

Nesse contexto, podemos pensar sobre o poder dos algoritmos. Por mais que as interfaces nos entreguem potencial e facilidade de produção, são os algoritmos que determinam o que mostrar, quando, como, para quem e onde exibir os nossos conteúdos. Sem entendê-los, experimentá-los e testá-los perdemos posições significativas nessa corrida. 

Foi por isso que, em 2020, lancei um e-book junto com um curso gratuito de SEO para jornalistas e produtores de conteúdo com o objetivo de fazer com que tantas mudanças fossem transformadas em oportunidades e que conteúdos de qualidade pudessem ganhar merecido destaque nos buscadores, como o Google, ainda responsável por promover grande parte da audiência de veículos de comunicação e projetos independentes dos mais diversos profissionais. 

A inteligência artificial e o novo cenário da comunicação

Alguns anos se passaram, o debate sobre o futuro do jornalismo, do digital PR, da assessoria de imprensa e da comunicação como um todo segue intenso, mas como novos atores, entre elas (e principalmente) as inteligências artificiais. Para não cairmos no mesmo erro que cometemos ao vermos a chegada do SEO, precisamos entender a dinâmica de funcionamento de cada um deles. 

Enquanto os algoritmos dos motores de busca funcionam com base em uma série de regras e fatores de ranqueamento, que são analisados em questão de milissegundos a cada busca. As inteligências artificiais generativas trabalham uma enorme quantidade de textos e dados para as quais foram expostas, procuram e aprendem os padrões, estruturas linguísticas e informações. A partir disso geram respostas com base nesses padrões, mesmo que as informações solicitadas não estejam diretamente disponíveis em fontes específicas e assim são capazes de criar novos conteúdos a partir desses padrões. 

O papel da formação contínua

A adaptação a novas ferramentas tecnológicas, como o SEO e a IA, não é um evento pontual, mas um processo contínuo, que começa na Revolução Francesa, quando vimos consolidar a profissão de jornalista como conhecemos hoje. Na década de 70, mudanças nas redações e no fazer jornalístico começaram a ser percebidas. O principal fator de influência foi a entrada das tecnologias e a crescente imaterialidade da produção que se acentuou com a chegada dos anos 2000 para os dilemas que conhecemos hoje. 

Nesse cenário, a formação contínua e não recusa à aquilo que não podemos vencer é a chave para que jornalistas e assessores de imprensa possam aproveitar essas novas ferramentas da melhor maneira. Entender o funcionamento dos algoritmos, aprender a trabalhar com as ferramentas de SEO e, agora, começar a explorar as possibilidades da Inteligência Artificial generativa são passos essenciais para garantir que nossa profissão se mantenha relevante e capaz de permanecer. 

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