A poucos meses de o Brasil receber a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (Cop-30), que acontecerá na cidade de Belém, no Pará, em novembro, as práticas de comunicação se consolidam como fundamentais na implementação e disseminação dos aspectos ambientais, sociais e de governança (da sigla em inglês, ESG). Ela surge como uma aliada para as empresas que esperam informar ao mercado e, principalmente, à sociedade o que tem feito em termos de sustentabilidade. Nesse encontro, centenas de líderes globais estarão reunidos para debater problemas, definir metas e compromissos sobre como o mundo irá enfrentar a crise climática e qual será o plano para redução das emissões de gases do efeito estufa.
Não podemos deixar de ressaltar os benefícios da comunicação em ESG quando feita de maneira estratégica. De um lado, investidores, principalmente, internacionais buscam empresas que apresentam não apenas os resultados financeiros, mas sustentáveis. Não à toa que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula as companhias de capital aberto, tornou obrigatória a apresentação de relatórios de sustentabilidade junto com informações financeiras, com base no padrão internacional. A medida já é válida a partir de 2026. Na outra ponta, consumidores, especialmente da geração Z (formada por aqueles que nasceram na década de 1990), estão cada vez mais cobrando que as marcas sejam responsáveis socialmente.
O próprio Acordo de Paris – tratado global, adotado na COP21 (2015) que rege medidas de redução de emissão de dióxido de carbono a partir de 2020 – destaca a importância da comunicação para que países e governos consigam atingir objetivos para fortalecer a resposta à ameaça da mudança do clima e reforçar a capacidade para lidar com os impactos gerados. O acordo aponta que todas partes deverão envidar esforços para formular e comunicar estratégias de longo prazo, devem comunicar a cada dois anos informações quantitativas e qualitativas sobre níveis projetados de recursos financeiros e a implementação de ações deverão facilitar a comunicação de informações de maneira transparente, tempestiva e precisa.
Apesar de ter muitas vantagens, a comunicação em ESG enfrenta inúmeros desafios. A prática de greenwashing, termo em inglês para lavagem verde, é mais comum do que se pensa. Trata-se de uma estratégia de marketing em que a empresa dissemina práticas corporativas fraudulentas ou enganosas, ou seja, é o ato de comunicar, de forma intencional ou não, algo que leva o público a conclusões mais positivas do que realmente são. Na teoria é uma coisa, mas na prática é outra, mas isso pode estar acontecendo mesmo sem querer.
É justamente nesse ponto que a comunicação tem um papel crucial no sentido de ouvir continuamente todos os envolvidos nesse processo, desde empresas, stakeholders até a sociedade. Mais do que isso, é preciso dialogar, escutar ideias, sugestões e preocupações, atender e responder as demandas e, por fim, medir e avaliar os resultados. Tudo isso passa por uma escuta ativa e uma comunicação clara, autêntica, individualizada e transparente nas ações e políticas relacionadas ao ESG.
Esse diálogo vai ser imprescindível para que a empresa consiga comunicar de forma eficaz as iniciativas que promovem a sustentabilidade, a diversidade e a ética nos negócios. Como consequência, vai fortalecer confiança e credibilidade e garantir boa reputação, fatores intangíveis de competitividade no mercado.
No momento que o mundo vivencia um contexto de emergência climática, registrando eventos climáticos extremos, como tempestades e ondas de calor, a comunicação tem um papel a cumprir. Mais do que conscientizar e educar, ela é uma ferramenta para mobilizar, criar diálogo, fomentar colaboração e até mesmo reduzir os impactos climáticos e construir resiliência ao informar sobre medidas de segurança e estratégias de adaptação, por exemplo. É capaz também de promover uma ação coletiva necessária para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.