Tendências são para todo mundo? Passei o final de semana refletindo sobre essa questão. E cheguei a uma conclusão que quero debater aqui: a tendência cria limitação. Trago esse tema para o universo da comunicação corporativa e também para o mercado de influência e produção de conteúdo. Vamos lá, explico a minha inquietação com essa linha de raciocínio.
Uma tendência, seja ela qual for, nos leva a acreditar que é fato o que uma suposta maioria está “fazendo”, “comprando” ou “dizendo”, mas ela revela algum dado sobre o desejo das pessoas? Essa é uma das muitas perguntas que rodam em minha cabeça neste momento.
E a minha reflexão leva a dois pontos, em segmentos diferentes da comunicação, nos quais vivencio, ao longo dos anos, as angústias da aplicação das tendências.
Começando pelo mercado de produção de conteúdo e influência. Bom, para isso, é preciso separar o joio do trigo. Influenciador é aquele indivíduo que gera impacto em sua audiência, conversa com seus seguidores e os movimenta, ou seja, quem faz com que seus seguidores acreditem nas suas palavras e ações, e assim influenciam e direcionam pessoas para o bem e para o mal. Já o produtor de conteúdo é definido por aqueles que têm a habilidade de produzir, em geral, bons conteúdo. Criar e contar histórias, tendo também o talento e domínio de desenvolvê-las do começo ao fim.
Esclarecidas brevemente essas diferenças, pois não vou me aprofundar neste tópico. E sim ao que eles têm em comum. Afinal, são quase reféns dos algoritmos. Não importa em qual meio atuem, estão sempre acompanhados pelo fantasma da opinião do algoritmo. E resta a eles incorporar as tendências em seus processos. Aos que conseguem fazer isso de forma estratégica, temos o sucesso dividindo espaço com um pouco de humilhação pública ao reproduzir dancinhas do momento, reacts, dedos apontando para nada, enfim uma grande lista de humilhações que são repetidas em nome da tendência.
Corta, agora vamos lá para o universo corporativo. Ei você de empresa, é com você mesmo que estou falando. Sei que não importa seu nicho de mercado, mas sei que em todo corporativo sempre haverá alguém preocupado com as tendências que as redes sociais de uma marca devem seguir. Qual o meu tom de voz? Devo publicar isso? Está em alta? Meu concorrente fez…E lá vamos nós para um bilhão de posts de “ Primeiro a gente começa, depois a gente melhora”. Eu posso afirmar que as empresas, por mais formais que pareçam ser e mesmo que quase avessas, em algum momento irão acabar se rendendo às repetições de tendências.
E qual o problema de tudo isso? Tendência é dado, claro que sim. E dados precisam ser analisados, mas o grande ponto que quero trazer é a capacidade que uma tendência tem de criar limitação. {Espaço reservado nos comentários para aqueles que discordam, fiquem à vontade!}.
Quer algo mais limitador do que aquilo que é imposto! Sim, a tendência impõe uma suposição de realidade, que impede a busca pelo entendimento do desejo real das pessoas. E isso tem tudo a ver com comunicação.
Você quer vender mais para seu cliente? Quer que seu conteúdo alcance mais pessoas? Quer influenciar pessoas? Então, deixe de lado um pouco as tendências.
E questione quais posições ficam mascaradas ao seguirmos as tendências, quais as oportunidades de verdadeiramente se comunicar são perdidas ao escolher seguir o fluxo?
Chego aqui para dizer que a tendência não nos interessa, ao menos para seguir! Posso analisar, posso captar dados, mas preciso ter a coragem e ousadia de criar algo que esteja em harmonia com os meus objetivos. E assim, talvez a gente possa estar à frente e não atrás.