Para começar a conversa, nem gosto de “assessor de imprensa”. Mas vamos começar do começo.
O que faz um assessor de imprensa, afinal?
Release, você pode pensar. Relacionamento, diz o colega ao lado. Pela produção de pautas, comenta o outro.
Mas será que é só isso. A gente nasce para assessorar os colegas da redação e só?
Bem, o que percebi com minha própria jornada nessa área é que quando nos limitamos a esse pacote básico, acabamos dando com os burros n’ água.
E é por isso que não gosto de “assessor de imprensa”. O que fazemos vai (ou deveria ir) além. Trabalhamos com gestão de comunicação e isso é muito, muito mais complexo e desafiador do que só escrever release e conversar com jornalistas.
Gestão de comunicação envolve estratégia, planejamento, análise de cenários, pensamento crítico e, sim, produzir textos e falar com os profissionais da redação.
É um trabalho analítico que nos exige criar ecossistemas comunicativos democráticos entre os departamentos. Precisamos ser o fio que conduz a informação, os valores da empresa, as mudanças estruturais pelos quatro cantos da empresa.
Você pode até dizer que isso é função da comunicação corporativa. E, sim, deveria ser. Mas sabemos que, a depender do tamanho da empresa, esse é um setor que sequer existe. Quando existe, devia ser um serviço que anda coladinho na assessoria de imprensa: os dois profissionais devem trabalhar juntos para pensar a comunicação da empresa.
Os resultados obtidos na imprensa só serão significativos e robustos, de fato, se o assessor mergulhar nas profundezas do negócio e entender aquele modo de fazer. Isso significa “ler” as pessoas envolvidas: presidência, diretoria, colaboradores estratégicos e por aí vai.
Enquanto robotizarmos o papel do assessor de imprensa, seremos facilmente substituídos por uma inteligência artificial qualquer. O que nos diferencia é nossa capacidade analítica, de entender que marketing, vendas e comunicação têm que ser parte de um mesmo organismo.
Tenho aprendido que quando esses profissionais se juntam, a empresa voa. Mas, aí, vale um adendo importante: para voar, a empresa precisa ter maturidade e entender o verdadeiro papel da comunicação dentro da organização. A minha experiência tem me mostrado que não tem como a gente, da comunicação, se apartar de vendas, recursos humanos ou financeiro.
Os departamentos, todos eles, são células de um mesmo organismo vivo e pulsante: uma falha em um deles impacta o funcionamento de todo o corpo empresarial. É um efeito cascata. E aí, não tem assessor gerindo crise que dê conta de apagar o incêndio.
Até porque, gestão de crise também depende (e muito) dessa conexão entre departamentos e desse olhar analítico que o jornalista precisa ter do seu cliente.
Fazer assessoria é muito mais complexo do que muita gente pensa. Nosso trabalho é desafiador e envolve mais do que jornalismo: envolve gestão de pessoas, gestão de projetos, estratégias de marketing, olhar para vendas e muita, muita resiliência, flexibilidade cognitiva e criatividade.
Só falta o mundo entender isso para termos o destaque que merecemos na sociedade. Precisamos nos unir como classe e botar a boca no mundo, por isso, este espaço é tão importante para o amadurecimento do nosso mercado.
Já tinha pensado sobre isso?