Como assessores de imprensa, ocupamos uma posição estratégica na construção de narrativas e na definição de quem ganha espaço na mídia. Somos mais do que facilitadores: somos ponte entre empresas, fontes e jornalistas. E, nesse papel, temos o poder — e a responsabilidade — de ampliar olhares, provocar mudanças e questionar padrões estabelecidos.
Foi com esse espírito que participamos, neste mês, do Café com Diversidade, promovido pela CKZ Diversidade, consultoria especializada no tema e liderada por Cris Kerr, profissional que admiro profundamente. Nossa agência apoiou a CKZ na aproximação com jornalistas da grande imprensa, ampliando a visibilidade da pauta e fortalecendo conexões que, acreditamos, têm potencial de gerar impacto real.
Durante o evento, um ponto chamou atenção: jornalistas querem diversificar suas fontes, mas muitas vezes não conseguem. Falta tempo, falta acesso e — o mais preocupante — falta representatividade nos espaços de liderança. Uma produtora presente no encontro compartilhou que, mesmo com o desejo de incluir mulheres, pessoas negras, PCDs e LGBTQIAP+ nas reportagens, o cenário corporativo ainda é bastante homogêneo, o que se reflete diretamente nas entrevistas e nas matérias publicadas.
Esse não é apenas um desafio da imprensa, mas um reflexo da estrutura das empresas. E é justamente por isso que o trabalho de consultorias como a CKZ é tão necessário: preparar lideranças diversas para que estejam prontas — técnica e estrategicamente — para ocupar espaços de fala, de influência e de visibilidade.
O nosso papel como assessores de imprensa
É nesse contexto que nós, profissionais de comunicação e PR, precisamos assumir nossa responsabilidade como agentes dessa transformação.
Somos a ponte entre os bastidores e o que chega aos olhos do público. Somos nós que sugerimos pautas, mapeamos fontes, propomos nomes aos jornalistas e organizamos treinamentos de porta-voz.
Por isso, é essencial que ampliemos nosso olhar — e nossas ações.
Provocar o cliente é uma das tarefas mais valiosas (e nem sempre confortáveis) que podemos realizar. Questionar quem está autorizado a falar pela marca. Propor novos nomes. Incentivar a criação de comitês ou grupos de afinidade.
Mapear e incluir porta-vozes diversos: ir além da liderança tradicional. Ouvir colaboradores, identificar histórias inspiradoras e ajudar essas pessoas a se prepararem para ocupar esse lugar.
Oferecer media training inclusivo: muitas vezes, fontes incríveis não se sentem prontas para falar com a imprensa — seja por insegurança ou por nunca terem sido convidadas. Nosso papel é encorajar, preparar e apoiar esses talentos.
Planejar estratégias de PR com propósito, onde diversidade e inclusão estejam integradas às ações e não sejam apenas um recorte ocasional, usado apenas em datas específicas.
Mais do que conquistar espaços na mídia, precisamos refletir quem está ocupando esses espaços. E isso começa dentro da assessoria de imprensa. Começa em quem a gente sugere como fonte. Em como a gente escreve um título. Em quais histórias escolhemos contar.
Além disso, é fundamental entender que quanto mais representatividade tivermos nos meios de comunicação, mais espelhos estaremos oferecendo para as próximas gerações — e para profissionais que ainda não se veem nesses espaços. Representatividade importa porque normaliza a diversidade. E só assim deixaremos de tratá-la como exceção para tratá-la como parte da realidade.
A diversidade na comunicação não acontecerá por acaso. Ela exige compromisso, consistência e ação coordenada entre marcas, agências e redações. Nós, profissionais de PR, podemos — e devemos — liderar essa transformação.
Um convite à reflexão
Deixo aqui um convite aos colegas de profissão:
Como você, assessor ou assessora, tem atuado para garantir mais representatividade nas pautas que propõe?
Sua lista de porta-vozes é diversa? Suas sugestões de pauta refletem diferentes perspectivas?
Que práticas você já adotou (ou pretende adotar) para contribuir com esse movimento?
Seguimos juntos, construindo uma comunicação mais inclusiva, representativa e alinhada com os novos tempos.