A IA Generativa vai substituir o trabalho das agências de comunicação?

Para quem sabe acompanhar as transformações do mercado a seu favor, a tecnologia é uma aliada, mas que exige visão estratégica e redesenho dos modelos de negócio

Uma pergunta que decorre diferentes segmentos de mercado atinge também o universo da comunicação: até que ponto a revolução da Inteligência Artificial Generativa transforma e, dentro de um prisma mais radical, substitui o trabalho de jornalistas, agências de marketing, RP e comunicação?

Para responder a esse novo paradigma que já se coloca como um jargão dentro de um novo ambiente de negócios mais digitalizado e no qual a corrida tecnológica segue (e seguirá) incessante, é fundamental que haja equilíbrio na leitura das tendências – mas também realismo.

Nesse sentido, vamos começar pelo básico: a IA Generativa já transformou a forma como pesquisamos, trabalhamos e realizamos tarefas do dia a dia, principalmente, as rotineiras, tanto no ambiente corporativo, quanto em nossa vida cotidiana. Dizer que esse é um caminho sem volta parece evidente, mas que indica, sobretudo, o potencial de mudança que inovações disruptivas trazem para as dinâmicas socioeconômicas e culturais da sociedade.

Uma prova desse novo contexto se observa no fato de que o ChatGPT, em março deste ano, já contava com mais de 500 milhões de usuários recorrentes semanais em todo o mundo – indicador que cresce de modo exponencial diariamente.

Trazendo esse debate para o universo da comunicação, ainda em 2023, um relatório publicado pela JournalismAI que contou com a participação de 105 organizações jornalísticas de 46 países diferentes apontou que 75% utilizava IA para automatizar a transcrição de áudios e detectar tendências em grandes bases de dados, enquanto nada menos que 90% fazia uso da tecnologia para conferir informações, corrigir e editar, redigir relatórios, storytellings e boletins informativos.

Em outras palavras: discutir se a IA Generativa vai transformar o trabalho de agências e especialistas em comunicação é uma questão que já nasce datada. Assim como a internet transformou a cobertura de notícias em tempo real e os meios de comunicação mobile potencializaram o relacionamento entre empresas, jornalistas e agências de PR, a Inteligência Artificial amplifica as fronteiras da eficiência, do jornalismo e do marketing orientado por dados, da criação ágil de conteúdo, da capacidade analítica de profissionais – mas essa abertura de caminhos cobra e exige um olhar para a mudança e adaptação.

Novas possibilidades, novas exigências

E essa necessidade de adaptação surge em virtude de outro paradigma objetivo: em seu caminho de criação de novas oportunidades para uma atuação mais estratégica, a tecnologia também fecha as portas para quem é resistente ao novo e está preso no “feijão com arroz” das ações de marketing, comunicação e conteúdo.

O modelo tradicional do “content farm” – agências focadas em criar um volume de conteúdos sem personalização e simplesmente adaptado aos algoritmos –, por exemplo, parece estar com seus dias contados, já que os modelos cada vez mais sofisticados de IA Generativa já suprem e bem uma demanda saturada por conteúdos mais generalistas.

Em contrapartida, empresas de comunicação que souberem remodelar seus modelos de negócio para oferecer conteúdos mais aprofundados e customizados, só tendem a ganhar em termos de posicionamento e em seu potencial de eficiência a partir do suporte de uma IA avançada.

Nesse sentido, reports, estudos técnicos e whitepapers e modelos de reportagem e artigos baseados em dados são uma cartada inteligente de agências conectadas com esse cenário de mudança, podendo ser trabalhados em diferentes frentes de distribuição: relacionamento com a imprensa a partir de materiais com valor noticioso, recortes para as mídias sociais e fortalecimento institucional/posicionamento de clientes em diferentes nichos de mercado. É o que chamamos de Data Driven PR.

Esse novo cenário orientado a dados na comunicação, em suma, fornece insumos para um olhar 360 das agências que conecta todas as pontas de uma estratégia com muito mais potencial e relevância para a geração de resultados.

Ao mesmo tempo, conforme vimos acima, a IA oferece uma base de rica para automação de tarefas repetitivas, de mineração e verificação – da formatação de conteúdos para diferentes canais a revisão textual.

Mas tudo isso, nunca é demais reforçar, depende de uma mudança que não é apenas tecnológica, é cultural. Quem ficar preso a modelos de negócio que não dialogam mais com a nova realidade e as exigências do mercado será, sim, substituído. E não podemos culpar a IA.      

Assine nossa Newsletter

Receba todos os conteúdos e novidades do nosso portal em primeira mão no seu e-mail.

    Você também pode fazer parte do nosso portal!

    Confira as vagas disponíveis e faça parte de forma ativa da nossa jornada.