Como assessores podem usar a educomunicação para ajudar seus clientes a interagir com maior qualidade com a imprensa?

A interação entre fontes e jornalistas é uma relação que deve ser, acima de tudo, educativa e ética. No entanto, muitos setores ainda veem a imprensa com desconfiança ou como  espaço de divulgação simplista. É aqui que, acredito, a educomunicação se torna uma ferramenta importante da assessoria de imprensa.

Vamos lembrar que a educomunicação é um campo de saber na intermediação educação e comunicação e que propõe práticas que forme sujeitos críticos, participativos e conscientes do seu papel na sociedade. E para nós, assessores de imprensa, incorporar essa perspectiva significa ajudar nossos clientes a se prepararem não apenas para “falar com a mídia”, mas para compreender profundamente o processo de comunicação jornalística.

Mas o que eu chamo de interação de qualidade com a imprensa?

Interagir com qualidade significa dialogar com clareza, ética e consciência. É entender que o jornalista não é um mero canal de transmissão, mas um agente de mediação da informação. Um cliente bem preparado sabe ouvir as perguntas, responder com precisão e compreender a lógica da notícia. Ele também sabe que sua fala tem impacto social — constrói imagens públicas, influencia percepções e reforça valores.

Como a educomunicação potencializa esse processo?

Ao trazer princípios da educomunicação para o dia a dia da assessoria, ampliamos o olhar do cliente sobre o papel educativo da comunicação. Saímos da lógica puramente promocional e entramos em uma lógica de formação: educar o cliente para o ecossistema midiático.

Três práticas educomunicativas que o assessor pode adotar com seus clientes:

  1. Clipping estratégico e relatório crítico:
    Além do clipping tradicional, o assessor pode construir um clipping temático, reunindo matérias correlatas ao universo do cliente. Com base nesse material, pode produzir relatórios críticos, analisando como a imprensa tem abordado certos temas e orientando o cliente sobre as narrativas em que ele está se inserindo — ou que deveria construir para reforçar seus valores e missão.
  2. Simulações de entrevistas com olhar analítico:
    Mais do que treinar respostas decoradas, o assessor pode promover simulações que convidem o cliente a refletir sobre o contexto da comunicação. Por que esse assunto é relevante agora? Que ângulo o jornalista provavelmente buscará? Como conectar o discurso institucional a preocupações públicas legítimas?
  3. Reflexão ética sobre a imagem pública:
    O assessor também deve abrir espaços de reflexão sobre a imagem que o cliente está construindo. Essa imagem é fiel aos valores que ele diz defender? Contribui para a circulação de informações de qualidade? Reforça práticas de cidadania? Educar para a comunicação também é cuidar da responsabilidade social da fala.

Incorporar a educomunicação à assessoria de imprensa é apostar em relações mais maduras, críticas e colaborativas entre clientes e mídia. É formar fontes conscientes de seu papel e preparadas para contribuir com uma sociedade melhor informada e mais democrática.  Confio que estamos em um momento de profunda mudança e que as marcas estão cada vez mais interessadas em processos responsáveis na interação midiatica. Acredito, como assessores, que vamos cada vez mais assumir nosso papel educativo no ecossistema da informação.

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