A Comunicação Pública e a Comunicação Política são duas áreas que, embora distintas, muitas vezes se confundem na prática. Enquanto a primeira tem como objetivo informar o cidadão sobre os atos, serviços e decisões do poder público, a segunda está voltada para a construção de imagem e a conquista de apoio político. Apesar de serem complementares em alguns aspectos, a falta de clareza na distinção entre elas ainda é um desafio para muitos gestores de comunicação.
De acordo com o artigo 37 da Constituição Federal de 1988, todo governo tem a obrigação de tornar público o que fez, o que faz e o que fará. Não se trata apenas de um dever do Estado, mas de um direito fundamental do cidadão. A transparência é um dos cinco princípios da administração pública, seja em âmbito municipal, estadual ou federal. No entanto, na prática, ainda há muitas falhas.
Há municípios, por exemplo, que mesmo com poucos habitantes, não cumprem o básico: informar a população sobre os atos públicos. Essas localidades, muitas vezes, funcionam como desertos de notícia, onde a falta de cobertura jornalística e de comunicação pública é evidente. Isso ocorre, em parte, pela falta de estrutura mínima para executar o serviço — um problema grave, já que é uma obrigação legal. Outro fator é que muitos gestores públicos ainda não entenderam a importância estratégica da comunicação para o desenvolvimento do município.
Quando bem executada, a comunicação pública traz benefícios concretos para o cidadão e também para o desenvolvimento do município. Ela facilita o acesso a direitos, como programas sociais, serviços de saúde e educação, e informa sobre deveres, como pagamento de impostos e participação em consultas públicas. Além disso, promove a transparência, permitindo que o cidadão saiba onde e como seus recursos estão sendo aplicados.
Embora as redes sociais sejam ferramentas poderosas, a comunicação pública não pode se limitar a elas. É preciso diversificar os canais para garantir que a informação chegue a todos, independentemente de idade, localização ou acesso à tecnologia.
Ao longo da minha trajetória, passei por diversos órgãos públicos, comunicando desde a limpeza de córregos até o funcionamento de um dos maiores sistemas de transporte público do estado de São Paulo. Em todos esses lugares, uma pergunta sempre guiou o meu trabalho: “será que o cidadão vai compreender?”.
A comunicação pública não pode ser tratada como algo secundário. Ela precisa ser estratégica, clara e acessível. Não se trata apenas de informar por informar, mas de garantir que a mensagem chegue de forma uniforme, sem distinção, e que seja compreendida por todos.
É justo que a comunicação pública seja considerada uma prioridade nos órgãos governamentais. Hoje, vemos gestores utilizando redes sociais para mostrar onde estão e o que estão fazendo, enquanto os canais oficiais de comunicação muitas vezes ficam aquém do esperado. É comum encontrar apenas imagens estáticas informando que uma rua estará interditada por obras ou que a parcela do IPTU já está disponível.
Mas a comunicação pública precisa ir além. Ela deve ser 360°, no sentido mais próprio da palavra. O cidadão não só tem o direito de saber sobre seus deveres, mas também de ter acesso claro e transparente aos seus direitos. Onde o meu imposto está sendo aplicado? Quais são os benefícios que posso usufruir? Essas são perguntas que a comunicação pública deve responder de forma eficiente.
E você, como tem feito a sua parte para garantir que a comunicação pública cumpra o seu papel?