Começo este texto com uma proposta de ter um tom provocativo e ao mesmo tempo nostálgico!
Como vocês bem sabem, vivemos tempos mais do que líquidos. Somos inundados, diariamente, por milhares de informações, dados, fakenews, apenas news e mais um sem fim número de notícias. Nesse cenário da hiper informação, surgem novas ferramentas, soluções e até mesmo promessas “mágicas” que pretendem transformar (ou substituir) o bom e velho trabalho de comunicação.
Mas, caro colega, quero saber se você não acha que toda essa ânsia por inovação, está fazendo com que entremos num looping nada saudável e estamos deixando de lado fundamentos que continuam sendo cruciais e que, muitas vezes, fazem o pêndulo da balança tender para ações e resultados mais positivos.
A nossa área tem sido sim impactada por IA (e todas as suas variações) e temos, na medida do possível, evoluído. Mas acho que estamos perdendo um pouco o conceito de pilares que resistem ao tempo por serem boas práticas que tecnologia nenhuma poderá fazer.
Estou falando do bom e velho relacionamento próximo aos jornalistas, saber como fazer (e a importância) de uma boa apuração de dados, como construir um texto bem embasado, além, é claro, do “tino” (ou felling) de propor caminhos e estratégias de comunicação que sejam mais eficazes.
Vejo uma “gourmetização” do setor, como por exemplo o Inbound PR, disparadores de release e outros novos conceitos que, na verdade, não entregam real valor o dia a dia do assessor (ou até mesmo do cliente) e servem apenas para usar ‘palavras bonitas’ (e em inglês, of course rs) para impressionar.
Mas, como sabemos bem, atuar apenas no ego não é sustentável a longo prazo. Assessoria é muito mais do que isso. Somos parceiros e devemos agir dessa forma com nossos clientes. De maneira a pensar o negócio ao lado deles e aplicar nosso conhecimento (que não é pouco) para propor as melhores estratégias de comunicação.
Voltando a falar um pouco sobre essa ‘necessidade’ de alguns profissionais em apostar em IA, e deixar de lado boas práticas humanas, há um exponencial crescimento em investimentos nessas áreas. De acordo com dados de uma pesquisa realizada pela Cortex, em parceria com a Aberje, chamada “Cultura de Dados, Mensuração e Inteligência Artificial na Comunicação”, 58% das áreas do setor já fazem uso de recursos de IA, mas apenas 8% afirmam saber fazer seu uso de forma avançada. Neste mesmo estudo, as finalidades que são mais utilizadas pela IA na comunicação são a elaboração de conteúdo (47%) e criação de insights (40%).
Acredito que, por mais avançadas que sejam as ferramentas e soluções de IA, GEN IA, Visão Computacional ou Quântica, elas ainda não são capazes de traduzir o tom de uma pauta delicada, entender o timing político de um posicionamento ou mesmo o impacto humano de uma história bem contada (isso não tem preço!).
Gostaria que passassemos a entender que as inovações são aliadas (é fato!), mas nenhum algoritmo substitui a confiança construída ao longo de anos entre assessores e redações.