Por que o melhor PR não parece PR?

A construção de novos caminhos estratégicos é crucial para os resultados das agências dentro de um mercado em transformação

Se a mídia e os processos de comunicação na contemporaneidade se transformam a cada segundo, por que muitas agências de relações públicas e de assessoria de imprensa ainda se mantêm presas em práticas do passado?

Inicio o presente artigo com essa provocação para que possamos refletir sobre essa arte silenciosa que é o PR. Uma arte, sem dúvidas, mas que precisa buscar novos caminhos para atrair a atenção de quem interessa – jornalistas, formadores de opinião e um público cada vez mais pulverizado em múltiplos canais.

Não se trata aqui de abandonar o que funciona ou de esquecermos os valores que fundamentam uma profissão que faz a engrenagem da mídia girar, mas de entendermos que, se continuarmos enviando os bons e velhos releases segundo as mesmas práticas de décadas atrás, seremos apenas mais um e-mail perdido na caixa de entrada de alguém ocupado demais – e com um excesso de oferta de conteúdo potencialmente relevante em mãos – para lhe dar atenção.

E, então, o que fazer? É preciso estudar as brechas por onde podemos conquistar a atenção das vozes proeminentes da mídia e elas muitas vezes operam em um terreno mais sutil, estratégico e analítico: a verdade é que o melhor PR não se parece com PR – ou ao menos com aquela imagem antiquada de um disparador de press releases. 

Comunicadores entendem, por exemplo, que a visibilidade se sustenta hoje com relevância. Nesse sentido, não adianta tentarmos distribuir publicidades veladas ou meras propagandas institucionais. No oceano de dados de que dispomos, porque não utilizá-los para oferecer insights que, de fato, tenham valor notícia para os veículos?

Há uma diferença grande entre informar que uma empresa “lidera o setor” e apresentar um estudo inédito, capaz de iluminar uma tendência que sequer havia sido percebida no qual o seu cliente também se posiciona. É nessa diferença – e em muitas outras possibilidades baseadas na perspectiva de oferecer caminhos noticiosos – que se constrói a ponte entre o interesse genuíno da imprensa e a estratégia de comunicação da marca. Essa visão acende a curiosidade editorial, porque ajuda o jornalista a cumprir sua função pública.

A caixa de entrada segue importante, claro. Mas o que chega nela precisa vir com estrutura e substância. Tenha clareza; demonstre porque seu pitch importa e o que ele traz de novidade. Apresente contexto e, quando houver espaço, aprofunde e divida recortes que podem apoiar o jornalista.

Mas antes do pitch, há o terreno da escuta, do relacionamento, de entender onde as vozes que você procura estão. E, nesse sentido, as redes sociais — especialmente o LinkedIn — se tornaram ferramentas cruciais. Por lá, você pode desde construir estratégias de conexão baseadas naquilo que interessa aos “portadores da notícia” até dividir suas próprias reflexões, demonstrando domínio e compartilhando interesses de forma genuína. 

Comentários sinceros, interações respeitosas, leituras atentas: tudo isso fomenta relacionamento que vai além de um contato frio e distante.

Por fim, foque em um convencimento baseado no factual. Fuja de narrativas que não traduzem a verdade sobre um produto ou serviço – bons jornalistas sabem identificar com facilidade aquilo que é uma disrupção verdadeira, de pitches que não se sustentam na realidade ou mesmo em temas atuais.

Com isso, você respeita o tempo e a inteligência de um colega de profissão, ao mesmo tempo em que desenha caminhos para que seus clientes – grandes, pequenos, tradicionais, inovadores – se posicionem na mídia com autenticidade.

Antes do discurso inflado, entregue matérias/recortes relevantes. Antes dos slogans propagandísticos, ofereça números, análises, respostas. E antes de cobrar o retorno de uma pauta, construa relacionamentos em diferentes canais.

Em outras palavras, o melhor PR não parece o PR que se engessou no tempo. Ele resgata a autenticidade de um ofício dinâmico, em constante mudança, que sabe o valor das relações e da entrega de relevância.  

*Juliana Garcia é jornalista, empreendedora e especialista em Relações Públicas e Marketing de Conteúdo, com mais de 16 anos de experiência no mercado, CEO e founder da IDEIACOMM

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