
Em São Paulo, uma consulta médica particular pode custar facilmente R$ 700. Um valor justo — afinal, trata-se de cuidar da saúde, do corpo, da vida. Pois correlação, também é justo reconhecer que a reputação de uma empresa — esse organismo vivo que emprega centenas ou milhares de pessoas — merece cuidado especializado.
Esse é o papel do assessor de imprensa, o profissional que trabalha pela imagem e credibilidade de uma organização.
Hoje, uma hora de assessoria de imprensa bem executada, estratégica e responsável deveria custar ao menos R$ 500, considerando a correção inflacionária dos últimos anos sobre o valor de referência do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo – que era de R$ 450 no biênio 2022/2023.
De acordo com o Sindicato, um serviço de assessoria de imprensa exige, no mínimo, 15 horas de trabalho por mês. E como a construção e manutenção da reputação é um esforço constante, isso significa que um contrato básico de assessoria de imprensa envolvendo apenas um profissional deve custar a partir de R$ 7.500 mensais – com valores maiores a depender do grau de experiência do especialista.
O que faz um assessor de imprensa valer isso?
O assessor de imprensa contemporâneo é gestor de reputação. É ele quem:
- monitora riscos e oportunidades de imagem em tempo real;
- constrói pontes com jornalistas, influenciadores e formadores de opinião;
- treina porta-vozes para se comunicarem com clareza e empatia;
- define estratégias de posicionamento, de prevenção e de resposta em crises;
- produz conteúdo relevante e responsável;
- e, acima de tudo, protege o ativo mais valioso dos seus clientes — a credibilidade.
Uma fala mal colocada, uma nota mal respondida, um ruído não tratado é o que basta para arruinar, em minutos, uma reputação construída por anos, como lembra o megainvestidor Warren Buffet, que entende o valor da boa imagem.
Esse tipo de trabalho não se mede pelo número de menções à marca na imprensa, mas na forma como a marca é percebida.
A evolução do mercado
Até pouco tempo, o Sindicato dos Jornalistas mantinha uma tabela de referência para orientar o mercado sobre valores mínimos para os serviços de assessores de imprensa. Era uma forma simples de indicar o que seria um preço justo — sem impor nada a ninguém.
Mas em 2022, o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) determinou que a tabela fosse retirada do ar, alegando risco à livre concorrência.
A ordem veio justamente num momento em que a categoria enfrentava ataques à imprensa e buscava proteger seus direitos — o que torna o episódio ainda mais simbólico.
O mercado de assessores de imprensa que atuam de forma autônoma amadureceu: muitos profissionais oferecem serviços de comunicação com sofisticação e resultados mensuráveis.
A boa notícia é que os assessores de imprensa vêm se movimentando. Há grupos de profissionais trocando experiências e boas práticas em redes informais.
O próprio Sindicato dos Jornalistas, depois de muito tempo, reconhece que o assessor de imprensa não é patrão, mas prestador de serviço — e, como tal, merece representação, formação e defesa.
Se queremos que o mercado nos respeite, precisamos falar com uma só voz.
A valorização não virá por decreto, mas da organização coletiva. Da troca entre colegas. Do fortalecimento das referências.
Porque não há liberdade de imprensa sem comunicação responsável entre empresas, governos e jornalistas.
E nessa tríade, o assessor de imprensa é elo essencial da democracia: garante que a informação flua, que a sociedade seja informada, que os fatos sejam compreendidos — e que a verdade tenha caminho livre para circular.
Para concluir, vale lembrar que, quando um médico cobra R$ 700 por uma consulta, ele não está vendendo uma hora do seu tempo — está entregando anos de estudo, responsabilidade e confiança. Quando um assessor cobra R$ 500 por hora, faz o mesmo: está entregando visão, experiência e compromisso com a reputação — a saúde moral das empresas e das instituições.
Reputação, afinal, é a vida de sua marca. E merece cuidado profissional especializado.
André Sales
Jornalista e assessor de imprensa há mais de 35 anos. Especializado em Comunicação Empresarial (ESPM) e pós-graduado em Estratégia e Liderança Política (FESP-SP). Sócio da Sales Lima Comunicação, que presta serviços de assessoria de imprensa, e da Curado Comunicação, consultoria em gestão de crises, media training e análise de imagem.